O leve calor das velas nos aquece, na medida que vamos nos acostumando a falta de visão. O nosso entrelaçar de dedos enquanto peço para me contar como foi seu dia. Consigo visualizar cada expressão do teu rosto, a forma debochada, séria e empolgada, dependendo do assunto que você aborda.
Te vejo sem te ver. Por mais que eu admire seus traços, te ache bela, é uma oportunidade de estar ainda mais conectado a ti. Perdemos a noção do tempo. Uma sensação de leveza, um clima sereno. Em paz. Percebo detalhes que muitas vezes passam despercebidos. E no tom das suas palavras te desvendo.
Encerramos nossa conversa e jantar com uma dança. Mais envolvente e com entrega do que qualquer uma entre nós. Do que qualquer uma em nossas vidas. Que termina com um beijo. Único, com o mesmo sabor de novidade do primeiro, mas com um encaixe possível apenas quando nos abrimos para alguém. E quando realmente queremos que a pessoa se abra e possamos aceitar como ela é.
Pede permissão para retirar sua venda, apenas para me guiar até o quarto. E temos uma noite de amor única, inesquecível. Tranquila, mas intensa. Até que adormece nos meus braços.
E ali, enquanto sinto teu calor, teu corpo colado ao meu, sua cabeça repousando no meu peito, eu finalmente percebo o nível de complexidade que forma cada ser humano. Percebo que preciso voltar "algumas casas no tabuleiro" de como lidar com as pessoas. Que apesar de já ter vivido muito, ainda tenho muito a aprender nessa vida....
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